junho 17, 2003

ESTADO DA NAÇÃO. A «silly season», diz José Pacheco Pereira, está a começar. Errado: já começou e da pior forma. Como uma ameaça. Fátima Felgueiras na televisão, a imprensa em delírio, o presidente irritado nos Açores («Não digam que estou irritado!», pediu ele aos jornalistas), o dr. Soares a fazer incursões literárias («penetrações», diz-se no «Público»), a constituição europeia, um ministro do ambiente desaparecido, o dr. Isaltino também desaparecido, a guerra das pescas, porcos no Lis, Herman e Teresa Guilherme aos beijos (o país recomposto por momentos, portanto), a ideia de que o Fórum Social foi um sucesso, o retrato não é famoso.
Vagas destas acontecem e nenhum país cai por aí abaixo. Mas esta soma de factores contribui, decisivamente, para o mau estado de sanidade «da pátria».
A verdade é que Portugal está a reencontrar a sua imagem no espelho e isso nem sempre é agradável – sobram fragmentos, fotografias desconjuntadas, frases desconexas.

E depois isto: o sonho de qualquer um – uma biblioteca com as janelas entreabertas, um concerto de Bloch ou o Adagio para cordas de Barber, livros espalhados («Durante muito tempo fui para a cama cedo», começa assim a «Recherche» traduzida por Tamen), poemas, notícias do Brasil.
Não, não é «estar acima dos outros». É requerer um sábado para toda a vida, quando se quiser, quando fizer falta, quando for necessário.
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