julho 03, 2003

BBC EM ISRAEL. O Linhas de Esquerda refere que Israel cortou relações com a BBC. E acrescenta: «Nada de novo no reino de David. Quando faziam as incursões pela Palestina eram todas as televisões. Já se vê avanços na liberdade de imprensa em Israel.» Ora, há aqui uma confusão qualquer quando o Linhas de Esquerda titula o seu texto de «Lápis Azul» — como se Israel fosse exercer alguma forma de censura sobre os jornalistas da BBC que, aliás — tal como a AP, a France Press e outros jornais e agências —, se encontram instalados num edifício do governo, no centro de Jerusalém, por ali estarem mais protegidos. A BBC escolhe a sua linha editorial mas não tem de esperar que seja aceite ou louvada por toda a gente. Em Israel existe liberdade de imprensa e não há restrições às movimentações de jornalistas (mesmo daqueles que têm melhores relações com os movimentos palestinianos — o que é natural acontecer, aliás —, fazendo a ressalva quanto a algumas operações militares). Recomendo que se leia a imprensa local (do excelente Haaretz, sempre crítico de Sharon, até ao Ma'ariv) e se escutem debates na televisão israelita. Se há coisa absurda é falar de censura à imprensa nestes casos. O Linhas de Esquerda pode criticar o governo de Israel em muitos aspectos, mas não me parece que esse, o da liberdade de imprensa, seja motivo para tamanha diatribe. Nem nos piores momentos os jornalistas da BBC ou de qualquer cadeia de televisão foram impedidos de fazer o seu trabalho, quer nas cidades de Israel quer nas instalações militares (como em Termit, Raffah, por exemplo). Talvez fosse bom perguntar se os jornalistas têm liberdade de movimentos nas áreas controladas pela Autoridade Palestiniana e quantos foram já impedidos de entrar nessas zonas.