julho 03, 2003

ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO. BILAC. Por distracção pura, passei alguns dias sem mencionar a publicação, pelo O Latinista Ilustre, de um emblemático poema do brasileiro Olavo Bilac em honra da «Última Flor do Lácio», expressão aqui citada a propósito dos maus tratos que recebe a nossa língua. Eu sou, também, um olavobilaquiano; e agradeço o poema, que é assim:

Última flor do lácio, inculta e bela,
És a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto canglor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Ame o teu viço, agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: «Meu filho!»
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio da ventura e o amor sem brilho!