junho 23, 2003

GÉNERO HUMANO. Ontem à noite, na televisão, vi pela primeira vez (juro) uma coisa chamada Paula Bobone. Ficou confirmada a intuição de que é sempre possível bater recordes (a expressão é de Woody Allen e aplica-se a outra matéria). Herman José perguntou-lhe se o anel que trazia era criação da própria: que não. Que não era capaz de criar uma coisa daquelas. Que, se fosse capaz, deixava a literatura e dedicava-se àquilo. Depois, uma pérola: na próxima semana sai Socialíssimo, o seu novo livro, o que a levou a dizer que a existência do jet set implica a sua mediatização, mas alertando: «Não é Socialismo, atenção, é Socialíssimo.» Ooops.
Não sei se viram (eu sou um distraído, nunca tinha visto antes), mas foi absolutamente digno de figurar já não sei em que top do mais miserável. A quantidade de coisas que aparece na televisão faz, de vez em quando, duvidar da possibilidade de haver género humano.
Paulo Francis, numa emissão do Manhattan Connection, disse um dia: «Considero-me tecnicamente morto.» Não sei a quantidade de vezes que uma pessoa se deve declarar «tecnicamente morto» depois de ver televisão. Uma das faces da miséria do género humano no seu esplendor é assim.