QUARTO DE HOTEL. Toda a solidão que conheço, quase toda, vem nos quadros de Hopper — a solidão silenciosa, que extermina; a que vem do vazio, do fundo, do nada. Edward Hopper nunca me sugere música, escandalosamente; apenas um fio vagamente musical, como Harold Budd muito ao fundo de tudo, como se nada tivesse o direito de interromper aquela perfeição feita de pradarias, escadas de velhas mansões, restaurantes vazios, quartos de hotel, mulheres por quem nos apaixonamos só porque existem em algum lugar. Não vale a pena falar sobre a luz, a intensidade, o que resta disso tudo — em cada Hopper há a ideia de que nunca nos salvamos, de que nunca se ultrapassará essa estreita barreira a separar-nos da felicidade.
Hoje, o Crítico Musical mostrou Quarto de Hotel. Eu fico sempre sem saber se alguém gosta de Hopper. Acho que ele é devastador.
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