junho 27, 2003

SIONISMO, I. A «questão sionista» continua no Aviz. Houve vários e-mails, alguns enxotados para o lixo, outros respondidos com o próprio texto de ontem. Surpresa das surpresas, recebo um longo texto (e muito bom) de A.A.. Depois de situar a realização do I Congresso Sionista, de 1897, A.A. escreve sobre o sionismo hoje de forma muito clara, tratando de «comentar o entendimento do Sionismo entre os judeus. Porque o problema está, ainda hoje, também aí. Como sabemos, o holocausto foi — trágica e infelizmente — decisivo para que o mundo reconhecesse a necessidade de resolver o que, à época, se chamava de “solução nacional para a questão judaica da Palestina”. Mas, já antes, mas especialmente nessa altura, apresentaram-se alguns inimigos à causa sionista: outros judeus. Como sabe melhor do que eu, os ultra-ortodoxos. E isto por razões religiosas, porque, como sabemos, o sionismo, e tal como diz, não tinha grande influência religiosa. A maioria era laica. Judeus laicos. E , por isso, os ultra-ortodoxos nunca aceitaram, nem vão aceitar, nem o Sionismo, nem o Estado de Israel. […] Ora, penso que já foi a Eretz Israel, e terá certamente visto aqueles cartazes com símbolos de violência e morte que estão, infelizmente, colocados em muitas paredes, ameaçando os judeus sionistas. Não são obra nem de muçulmanos, nem de árabes. São obra de judeus ultra-ortodoxos. Gente que, por levar a religião à letra, com ódios mil — tal como os fundamentalistas islâmicos e os senhores da inquisição de outros tempos —, se tornou parasita de Israel. Recebe dinheiro, não trabalha, não contribui em nada para o desenvolvimento do Estado, não vai à tropa, etc... e que defende a sua extinção. […] Vi verdadeiro ódio ( tirando, claro, os terroristas islâmicos[…]) foi nos olhos de ultra-ortodoxos. […] E isso também é uma realidade, e também contribui para o anti-sionismo e anti-semitismo. Porque os ultra-ortodoxos, para mim, também são anti-semitas.»
A questão colocada por A.A.é central (Richard Zimler, entre nós, falou do assunto numa entrevista de há dois anos com igual clareza): a força dos partidos haredim, ultra-ortodoxos, em Israel, vem do período posterior a 1967 com a ideia do grande Israel bíblico, e com a emigração dos países do antigo Bloco de Leste — além do conjunto de inexplicáveis privilégios das yeshivas (escolas rabínicas) e da sua clientela ultra-ortodoxa que desde 1977 frequenta os governos do Likud, quer através do Agudat, quer, depois, com a aliança que conduziu à formação do Shas, e com a influência de rabinos conservadores que os sionistas tinham já devolvido ao caixote do lixo. O assunto merece um conjunto igualmente numeroso de ensaios sobre a própria natureza do estado de Israel. Muitos dos emigrantes da Europa de Leste chegados após a queda dos regimes comunistas (ao contrário das comunidades que fizeram o seu aliyah vindos da América Latina, por exemplo), submetidos a condições de vida dramáticas e a perseguições contínuas, não se coloca a opção entre democracia e teocracia: hostilizados nos seus países de origem e hostilizados agora por países vizinhos, a única reacção que conhecem é extremamente conservadora e fundamentalista. Há várias anedotas sobre o assunto (como aquela da mãe que, num autocarro, em Israel, diz ao filho para falar yddish e não hebraico; um passageiro diz-lhe «mas o hebraico é que é a língua de Israel», e ela responde: «Sim, mas eu quero que ele continue a ser judeu.»). Este conjunto de circunstâncias somado ao poder efectivo das yeshivas , levou ao fortalecimento dos haredim, do parasitismo dos religiosos ultra-ortodoxos, e ao enfraquecimento das posições mais liberais na vida política israelita.
Há aqui, porém, uma questão complexa, que A.A. transcreve: a dos Neturei Karta, o grupo de ultra-ortodoxos conservadores e violentos, de extrema-direita, fixados sobretudo em Mea Shearim, e que rejeitam o sionismo como movimento secular, equiparando-o ao nazismo — uma vez que o poder de «restaurar Eretz Yisrael» está reservado à vontade divina e ao Messias por vir. Os Neturei Karta (literalmente, do aramaico, «Guardiões da Cidade») chegaram a afirmar que a vitória de Israel na guerra de Yom Kippur era um milagre, sim — mas um milagre de Satanás.

4 Comments:

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At 2:09 da manhã, Anonymous Anónimo said...

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