julho 09, 2003

AMINA A fé religiosa arruína, muitas vezes, o debate sobre a vida humana. Um dia destes entrevistei o director da Al-Furqhan, a revista islâmica portuguesa — foi uma conversa muito cordial sobre o Islão, a religião e o mundo. Coisas triviais, como se sabe. Falou-se da guerra do Iraque e da invasão do Afeganistão. E, no final, sobre Amina, a mulher condenada à morte. O debate ficou-se pelo facto de só haver duas testemunhas contra Amina — e não as requeridas pela shaaria. Enfim, coisas processuais. Nunca pôs em causa a condenação à morte da nigeriana nem a justeza da shaaria ou a ideia de justiça que lhe está na base. Os mails circulam hoje mais velozes porque, em Agosto, Amina será executada. Se for — será uma vergonha. Não há Islão que nos valha, mais ou menos heterodoxo. Só a vergonha de o termos permitido e de alguém o ter feito.