julho 01, 2003

FUTEBOL? Cada vez se percebe menos. Hoje, Nelson de Matos refere a questão futebolística nacional com alguma apreensão, temendo que — a propósito do Euro 2004 — a procissão ainda vá no adro, ou nem tenha saído para o adro. Provavelmente. Mas há aqui um problema a resolver para lá do Euro 2004 e da ida do Farense para a II B: o Benfica tem um diferendo com a Euroárea, que eu me escuso a comentar ou a historiar — vem nos jornais (e nos tribunais) de tempos a tempos. Parece que o prazo estipulado para que o Benfica pague uma certa quantia à Euroárea terminou ontem ou ateontem, sem que tenha existido um «esboço de pagamento»; por isso, a empresa diz que vai, como se escreve nestas circunstâncias, accionar os mecanismos legais» para receber os seus dinheiros — nomeadamente o embargo das obras no estádio. Feitas as contas, parece que tem razão.
Sendo assim, o que vem fazer o senhor ministro António Arnaut a este imbróglio? Nada. Mas apareceu na SIC/Notícias a dizer que se trata de «uma complicada questão jurídica e se calhar [o embargo] ia custar-lhe [à Euroárea] mais do que tinha a receber [do Benfica].» (Cito do Público) Ora, a mim parece-me um absurdo que um membro do governo se venha intrometer em assuntos das empresas (aqui não se trata do Benfica, mas da Benfica.Estádio), avisando: «Meninos, não se metam nisso, olhem que não ganham nada com “legalices”, os estádios são os Jerónimos da actualidade, uma espécie de património público — ainda ficam a arder.» Como se dissesse: «Podem ter razão, mas futebol é futebol.» Ora bolas — justamente.