julho 01, 2003

SURPRESA. O Guerra e Pas diz que eu fiquei surpreendido quando me revelou a sua identidade — depois de uma troca de versos. Ora, caro xxxx, eu não fiquei surpreendido. No fundo, vejo agora que os textos do Guerra e Pas são tão bons como os textos do xxxx que eu conhecia (além de revelarem, como escrevi aqui, comentando o post do A Carta Roubada, outra face, mais «espontânea» ou mais sujeita ao imediato). O problema do anonimato nos blogs tem esse lado, quando se descobre a verdadeira identidade do seu autor — «Ah, bem me parecia que eras tu.» Ou: «Ninguém diria.»
Uma das consequências do anonimato nos blogs é a criação de um jogo no fio da navalha: com quem estaremos a falar? Com o nosso vizinho do rés-do-chão (para retomar um exemplo do Guerra e Pas)? Com o nosso professor de há dez anos? Com o meu editor? [Evidentemente que, em relação a O Meu Pipi, o jogo até pode ser divertido, agora que sabemos que não se trata de Vasco Graça Moura.]
Portanto, fica-se naturalmente surpreendido; no caso do Guerra e Pas, posso até dizer que fiquei muito, mas muito, agradavelmente surpreendido. Embora não goste de Marillion — e concorde com tudo o que ele disse sobre Pedro Mexia. A poesia do Pedro é muito boa.