agosto 08, 2003

INCÊNDIOS. Mário Simões, do Vivaz, envia um mail sobre os incêndios, que têm sido «matéria relacional» do Aviz. Escreve a dado passo: «O país esta a arder. Milhares de homens e mulheres esforçam-se por acabar com o inferno, trabalham horas e horas para suster as chamas, dão seu melhor esforço para impedir ainda mais prejuízos. É um país que chora, um país que regrediu em poucos dias muitos e muitos anos. Mas é tempo de limpar as lágrimas […] arregaçar as mangas e tentar recompor o que se perdeu […]. É curioso que para todos os problemas mais complexos, se arranjam rapidamente culpados, que arcam com todas as culpas. O país vem ardendo lentamente há anos, e bastou uma desgraça, bastou que morressem pessoas, para rapidamente se prenderem uma dúzia de pessoas. Já estão encontrados os culpados, já podemos dormir descansados. O problema é que todos nós ficamos como que anestesiados com esta forma de gerir os acontecimentos. […] Não acredito que Portugal seja isto, não acredito que os portugueses sejam isto. O problema é mais complexo. Encontrar meia aduzia de culpados é fácil, resolver os problemas de fundo é que é mais difícil. […] Não existe um protector divino, não existe um Estado que nos salva de tudo e de todos. […] É aqui que bate como se costuma dizer o “ponto”. Por razões económicas fomos abandonando o interior, por razões económicas fomos abandonado a prevenção, por razões económicas fomos poluindo cada vez mais a atmosfera.»

Duas ideias-base que me parecem úteis: 1) abandonámos o interior; 2) não existe um Estado que nos salva de tudo. Se começássemos por discutir isto, já seria um bom serviço.