agosto 03, 2003

A VOZ QUE VEM DO OUTRO LADO DO MAR. A voz que apazigua, a voz que ri, a voz que entra por todo o lado como um vendaval, ou só como um recado, uma lembrança. No meio da insónia, escreve-se muitas vezes sobre essa voz. Escreve-se muitas vezes com essa esperança e com essa dúvida. A voz que vem do outro lado do mar, atravessando todos os tufões, as ondas, a melancolia, o assombro, os adeuses, as despedidas, os relâmpagos, a malícia, a penumbra, a voz a que se pertence sem saber. Beleza de todas as horas. Voz no meio do sono, voz que acorda de repente, voz que traz búzios, voz no meio da cinza, voz que pertence a um corpo. Tão pouco se é quando a voz aparece do outro lado do mar, como um refúgio, como uma alegria, como o sorriso que se recorda antes de sair de um aeroporto. Emudece-se, por essa voz. Emudece a noite.