outubro 05, 2003

ABSURDO. Eu sei que este texto é tardio, mas gostei de ver e ouvir defender o indefensável durante dois dias. A questão da «filha do ministro» deixa qualquer um paralisado diante do absurdo — como se a demissão de Pedro Lynce viesse limpar a questão. Não veio. Martins da Cruz está metido nela até ao pescoço, mas esbraceja com o selo da glória sobre a fronte, inocentado pelo primeiro-ministro. Aliás, o próprio Pedro Lynce se demite por razões absurdas — se é por este caso, admite que houve ilegalidade; se é pelo das propinas, admite que estava a agir mal. Mas o mais surpreendente não é isso, mas sim a dimensão que o caso da «filha do ministro» adquiriu, como um novo escândalo nacional. Acho mais escandaloso, muito mais, o que se passou — em matéria de «dignificação da vida política», como gosta de referir o dr. Sampaio sempre que alguém ergue a voz para além da desconfiança, como um bom regedor — em redor de Maria Elisa. Isso sim, dá uma ideia da forma como os políticos se comportam diante dos seus eleitores.