outubro 25, 2003

DITOSA PÁTRIA. Já escrevi várias vezes sobre a «intoxicação televisiva, radiofónica e quejanda» a propósito do futebol (mesmo quando se trata do FC Porto). A inauguração do estádio do Benfica é outro dos episódios dessa histeria corrente. Vejam, oiçam: a «catedral», as toneladas de cimento, o estado da relva, as bifanas, a marcação do campo, a lama, os transportes alternativos, um vice-presidente a anunciar que toda a gente vai ser revistada (ele mencionou «armas», portugueses!, ele mencionou «armas», que vergonha), o glorioso trajecto da história do clube, os lugares sentados, a falta de estacionamento, os 65.000, o betão, as colunas, as vigas, os acessos, os uruguaios, os futuros lugares de estacionamento, a loja para as bandeiras, os taxistas, o controle UEFA, os vips, os vivas à Nação, a imprensa, os títulos vergonhosos de A Bola, os bigodes, o Barbas, o País unido e ressentido, a representação de Fornos de Algodres, o burro que vem de Elvas, a representação de Caracas, as mensagens do Luxemburgo, a gritaria, o campeonato, o espanhol, a chuva que não cai definitivamente, o mais belo da Europa, o Eusébio, a águia, a galinha, seja lá o que for. Ah, ditosa pátria.