outubro 05, 2003

HAIFA. Daqui a poucas horas começa Yom Kippur. Terminará amanhã à tarde. De Kol Nidrei a Ne’ilah. Ouvir-se-á o som dos sons. Mas é mais do que mistério, esse som que se ouvirá uma só vez. Ele sobrepõe-se ao silêncio que domina o dia e a noite. É o mais estranho de todos os dias da minha própria aprendizagem, da minha leitura. Mas, de qualquer modo, é um dia de tolerância para quem não tem «identidade feita» ou «identidade encontrada».

«Ser dono da verdade é um acto de idolatria», escreveu Nilton Bonder sobre isto tudo. «A certeza absoluta sem o registo de vozes dissonantes é a usurpação de meu nome e do meu cedro. Compreender não é concordar, mas saber que a compreensão é um atributo imprescindível a quem não é perfeito.»

Yom Kippur é também o dia do futuro — o dia do próximo ano. E o dia em que começa a identidade.