outubro 11, 2003

NOTAS SOBRE ULYSSES, 8. A meio da Grafton Street, fica Duke Street e um bar, o Davy Byrnes, onde Joyce costumava descontar vales na caixa, cheques que toda a gente sabia que nunca iriam ser pagos ao dono do pub. Em frente, outro pub, o Bailey’s, que guarda as suas tradições literárias, sessões de leitura, círculos de conversadores e bebedores, sábados de tarde para discutir futebol e râguebi. Mais abaixo, na direcção do Trinity College (e, é verdade, da Books Upstairs, uma livraria — tão boa quanto pequena), o The Palace. E, na primeira das pontes sobre o Liffey, de onde já se avista a Custom House (onde, justamente, Dedalus e Bloom conversam por volta das duas da manhã), lá está, no chão, uma placa, adiantando, naquele local, a passagem dos personagens de Ulysses. Imagine-se o que aconteceria se a câmara de Lisboa escrevesse no chão, como está escrito no chão de Dublin em relação aos seus escritores: «Aqui pôs o pé o senhor Carlos da Maia, personagem de Eça de Queirós.» Ou a câmara do Porto: «Desta janela o senhor Edmundo Barrosas, personagem de Camilo Castelo Branco, apaixonou-se em Os Brilhantes do Brasileiro». Por aí adiante.