outubro 09, 2003

OS PORTUGUESES ACHAM QUE. [O PAPA] Mais contributos sobre a questão. Pedro Freitas escreve num mail:

«Acerca do Papa, em primeiro lugar, penso que os não-católicos, ou os católicos não praticantes, podem e devem dar a sua opinião, que deve ser ponderada como qualquer outra, tendo em conta a maneira como é justificada. Eu, sendo católico, sinto a angústia de ver que gente a minha idade (cerca de 30) vê no Papa quase só um símbolo de unidade, uma figura querida, e que segue o que ele diz sem querer pensar muito mais, ou investigar coisas mais profundas.
Quando estive em Roma, por ocasião do Jubileu 2000, o entusiasmo era todo à volta da figura, e pouco das palavras. E se o Papa se mostrou bastante viajado, fisicamente, em termos de doutrina parece-me que o seu maior contributo foi ter impedido avanços ultra-conservadores por parte de gente da Cúria. Em termos de doutrina, não viajou muito. Publicou, sim, muita coisa em termos de doutrina social, especialmente anti-comunista, nada de muito radical.
Em termos de moral, não andou nem para trás nem para a frente. Em termos de vida eclesial, manteve tudo como estava, deslocando mais: mulheres para fora da hierarquia, sínodos meio desconsiderados, bispos que são agentes externos do Vaticano. Em termos de ecumenismo, houve passos visíveis, mas faltaram os invisíveis: os necessários ajustes doutrinais e disciplinares. Enfim, não quero bater no velhinho, mas podia ter sido melhor. Especialmente depois de ter visto o que fez o João XXIII.»