outubro 16, 2003

PORTUGUÊS SUAVE, 8. Há ainda sequelas da conversa sobre tabagismo vs. anti-tabagismo. Raquel envia um mail sobre o assunto:

«Considero-me aquilo que uma amiga chama de "fumadora intermitente". Isto porque tenho o hábito de fumar de vez em quando (às vezes muito), mas também me acontece ficar dias, semanas, possivelmente meses sem pegar num cigarro. Não me faz confusão, não me aflige, não sinto ressaca. Fumo por prazer, portanto, embora admita que não é muito fácil identificar a natureza desse prazer. O que me leva a escrever foi o facto de ter lido que 90% dos mails que recebe são de anti-tabagistas radicais e os já tão estereotipados comentários do costume — como por exemplo o do “cúmplice no assassinato”... — isso sim, faz-me muita confusão. […] Não fumo onde é proibido fumar, não fumo junto de quem está a saborear uma refeição, não fumo se me pedirem educadamente para não o fazer. Também não gostaria que me impedissem de fumar um cigarro (charuto ainda não sou capaz, confesso) dentro da minha própria casa. Sinceramente provoam-me uma sensação de urticária esses ataques pseudo-moralistas, e seus argumentos enfadonhos, sempre os mesmos para todos os casos[…]. Acredito que é legítimo que existam campanhas anti-tabagistas em prol de um benefício comum, em termos de consciencialização pública. Não acredito, contudo, na imposição, na desapropriação de direitos. […] Seria bom que o susto do «suave» retirado ao «português» fosse suficiente para libertar do vício.»