A QUESTÃO «PORTUGUÊS SUAVE». Um esclarecimento. Quando abordei no Aviz a questão «Português Suave» não se tratava de defender o tabaco contra os não-fumadores, ou de iniciar uma discussão sobre os direitos dos não-fumadores. Era muito mais simples: por que é que os merdosos de Bruxelas tinham implicado com o «Suave» de «Português Suave»? A conversa alastrou e transformou-se, aos poucos, num debate sobre os malefícios do tabaco. Nunca alinhei nessa trapalhada — o cigarro faz mal. Ponto. Penso, cerca de duzentas vezes por ano, em deixar de fumar. A única coisa que me impede é o prazer que isso me dá. É um prazer imbecil, inútil. É provável que outros vícios, como o álcool, tenham um «lado bom» — questões cardiovasculares pelo meio —, um lado não totalmente prejudicial.
Simplesmente, no lugar onde trabalho, circulou um abaixo-assinado (não na minha redacção) sobre o assunto. Os termos são tão agressivos, tão seguros do mal que lhes fazem, tão segregadores e maldosos, que temo bastante que um mundo dominado por esta gente se pareça vagamente com um purgatório.
Para encerrar a questão: sim, os não-fumadores têm razão. E têm razão os puros de sangue e os puros de espírito, e os desportistas, os que fazem jogging, os que não comem fritos (não, isto não é piada ao Bruno), os que se levantam cedo, os que fazem ginástica, os que são certinhos, os que tomam vacina contra a gripe, os que só lêem boa literatura, os que vigiam o colesterol, os que são perfeitos, os que não bebem cerveja, tudo isso. Eles têm razão. Mas uma coisa me inquieta: por que é que os merdosos de Bruxelas nos tiraram o «Suave» ao «Português Suave»? Isso sim, é um problema. O resto (fumar vs. não-fumar) já se sabe como se resolve.
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