outubro 23, 2003

RELIGIÕES. O Terras do Nunca esteve em Évora no encontro interreligioso promovido pela Fundação Eugénio de Almeida. O relato que faz é perfeito, confesso. Não se afasta muito daquele que tive, por telefone — e pela imprensa, lendo-a nas entrelinhas (embora o episódio suscitado pelo teólogo pré-deicida Carreira das Neves merecesse análise mais aprofundada). As conclusões a tirar da intervenção de Eduardo Lourenço são naturais; a recusa em reflectir sobre o religioso está relacionada com a recusa do religioso; o discurso do religioso é frequentemente desmobilizador e vazio. Há uma nota veemente no texto do João M. F., sobre a incapacidade de aquelas pessoas dialogarem com profundidade (o caso Carreira das Neves volta a revelar-se sintomático) — todos partem do princípio de que a ideia de um Deus monoteísta os salva de qualquer objecção. É um erro fatal. A história das religiões — como já escrevi aqui — não tem servido para «unir os povos». Pelo contrário, está ligada à história da barbárie de uma forma radical. A conversa sobre a «religião como factor de paz» é inócua; não leva a lado nenhum.