outubro 07, 2003

REPARO. O Oceanos, e bem, dá-me uma lição sobre Sepúlveda, associando-me à vaga anti-Sepúlveda que por aí anda. Mas há duas questões essenciais neste justo lembrete do Manuel Alberto Valente: uma, não se trata de o contrapôr a Francisco Coloane (era esta a questão de um texto anterior, sob sugestão do Outro Eu), mas de optar entre um e outro na matéria que estava em questão, os mares do sul; outra, as opiniões políticas (mesmo as declarações sobre o seu passado, sendo verdadeiras ou não) de um cidadão, independentemente do seu trabalho literário. Sobre isso, três coisas: uma, não concordo com as opiniões políticas de Luis Sepúlveda; duas, essas opiniões não validam o seu trabalho literário, nem o seu trabalho literário pode validar as suas posições políticas; três, nunca esteve em causa aquilo que o Luis fez pelo Chile, dentro e fora de fronteiras, durante a ditadura de Pinochet – mas a leitura da questão chilena trinta anos depois. De resto, o Luis é um tipo às direitas (vade retro, pensará ele).
Mas há uma nota curiosa: o Manel deixa cair, veladamente, um pequeno toque: a irritação que causam os autores que «vendem muito». Depois de ter sido acusado pelo Eduardo Prado Coelho, de favorecer os autores que «vendem muito», não sei o que pensar. Vamos tomar um cafezinho aí na Av. da Boavista, Manel?