outubro 05, 2003

TABAJARA RUAS. Fiquei de insónia até tarde — e li todo O Fascínio, do brasileiro gaúcho Tabajara Ruas (edição Ambar). Talvez seja pela impressão de o ter lido há pouco, mas trata-se de um livro mais do que recomendável. Escrito no fio da navalha, nesse lugar onde cada palavra mede o lugar onde aparece escrita — em busca da crueldade, do sangue, da memória daqueles personagens que nos devolvem um Rio Grande do Sul estranho, com as neblinas da noite, o pampa transformado em território de assassínios e de esquecimentos. Nenhuma daquelas mortes está a mais (nem os 150 cadáveres, degolados um a um pelo coronel-bisavô), nenhum daqueles nomes nos abandona até ao fim do livro, nenhuma alma-penada deixa de querer mostrar-se de noite, entre as buganvílias. Depois, não me venham falar do «fantástico latino-americano».