UMA ONDA DE PARVOÍCE, 5. Há, evidentemente, uma sensação de desânimo quando aparecem notícias como estas. O caso do manual de Português com o regulamento do Big Brother e anacronismos fatais já não nos devia incomodar? Devia, sim. E devíamos pedir esclarecimentos a quem aprovou esse manual. Devia fazer-se uma discussão sobre o assunto.
Entretanto, chamo a atenção para um blog que tem estado atento a casos semelhantes, o The Amazing Trout Blog: há uns meses tratou do manual escolar Estudo do Meio do João. Recordo o essencial, escrito então no Público e no Diário de Notícias e citado pelo The Amazing Trout Blog: «Os erros passam pela História, Política e Geografia. Portugal tem, de acordo com o manual, 22 distritos, ao invés dos 18 reais. O país já teve, de facto, 22 distritos, mas desapareceram em 1974. Este ano não é, aliás, feliz no Estudo do Meio do João, incluído no Estado Novo, período que se estende até à década de 80 e em que pouco se menciona o nome de Salazar. O período de ditadura é alvo de outra incorrecção quando se referem os órgãos de soberania da máquina do Estado Novo: o Presidente da República é substituído pelo chefe de Estado e a Assembleia Nacional pela Assembleia Geral. A nomenclatura não é, de facto, o forte dos autores do livro escolar, que garante que D. António (membro da segunda dinastia portuguesa) é filho de D. Luís e do cardeal D. Henrique. A Geografia contribui também para a catadupa de imprecisões, quando no manual são subtraídas quatro ilhas a Cabo Verde e São Tomé é presenteado com mais uma ilha.» No texto de ontem, o The Amazing Trout Blog indigna-se justamente. Só os parvos não se indignam com isto.
[Vejam-se, também, os protestos de A Sombra ou do Klepsidra.]
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