KIPPAH. A propósito das dúvidas sobre o conselho do rabinato de Paris acerca do uso de kippah (comentado pelo Nuno, do Rua da Judiaria), a Ana Albergaria fornece alguns exemplos úteis sobre o anti-semitismo francês que continua, aliás, uma larga tradição europeia (à esquerda e à direita) que convém não ignorar. [Ver a nota do Alberto Gonçalves, no Homem a Dias, bem como a chamada de atenção do Luís Carmelo no Miniscente] Há dois pontos que gostaria de destacar: 1) existe uma tendência para a vitimização que ocorre no contexto do shoah business e que me parece uma tentação perigosa; 2) o conselho do rabinato de Paris sobre a abstenção no uso de kippah é compreensível mas não deve significar que se aceita a intimidação ou que se acatam as «instruções mais politicamente correctas» (reenvio para o texto do Crónicas Matinais) para esconder aquilo que não oferece motivos para ser escondido. Mas, de facto, só quem está lá é que pode reagir e falar com inteira propriedade. O anti-semitismo não se apaga com as declarações de tolerância institucional.
Tudo isto nos traz de volta, evidentemente, o debate sobre a «tradição judaico-cristã» na Europa e as polémicas sobre a inclusão de «Deus na Constituição europeia». Na altura também comentei que essa inclusão era duvidosa; nessa matéria, as lições europeias são pouco recomendáveis (tirando os oásis da Holanda e de Antuérpia) e as ondas de violência e de perseguição são cíclicas e fatais, localizáveis a olho nu. Nem é preciso fazer (mais) um inventário.
[Actualização:O A Bordo aborda o assunto de um ponto de vista curioso ao manifestar as suas dúvidas sobre o conselho do rabino chefe: sobre «a dificuldade de determinar o que é prudente».]
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