novembro 19, 2003

A NOITE, O QUE É?, 24. Quase nada. Sons vindos das matas, trabalhos leves, flores — plantas — que se compram à beira da estrada para plantar depois. Elas crescerão de Verão a Verão, hão-de conhecer o sentido da palavra solstício, o sentido da palavra equinócio, o sentido da palavra que espera a altura de ser dita. Há uma grande ventania neste lado do mundo, neste lado do mar. Chove, arrumo jornais e folhas de papel, há uma certa brutalidade nisto tudo, mas a verdade é que tudo o que tenho pertence agora a esse dicionário: uma mesa, o cheiro da erva, o ruído que vem de dentro de casa. Se não durmo, se a noite se estende, é porque as coisas me acordam de cada vez que isto acontece.