O QUE FALTA À BLOGOSFERA, 2. Por mail, o Carlos Antunes comenta a ideia de que «ninguém pode impor silêncio seja a quem for, nem pode obrigar seja quem for a falar sobre aquilo que acha que devia ser matéria para pronunciamento»:
«É natural que se tenha esquecido de uma excepção a esta “máxima” aparentemente certeira: a táctica do espelho. Ou seja, aquilo que é (já) designado como “metabloguismo”, os blogs de e sobre blogs. É uma coisa tão irritante como aqueles miúdos que imitam todos os nossos gestos, palavras, tiques e trejeitos. E, se reparar bem, já existe muito disso no blogbairro: blogs que se limitam ao copy&paste, à citação gratuita e aleatória com o mesmo critério de qualquer lista de compras; ou listas de endereços encaixados à matroca em “classes”, tipos e sub-tipos; canibalizações da produção alheia, sem uma vírgula de conteúdo próprio. Na “blogosfera”, é possível impor silêncio, sim, com esta “técnica” parasitária. Foi o que aconteceu com o Bloco-Notas; limitava-se a informar os bloggers portugueses, todos os dias, de quantos blogs existiam, quais e onde, e, destes, os que tinham actualizações, e quando. Se bem que, parcialmente, isto foi sistemática e — repito — irritantemente reproduzido, em triplicado, parasitado até à exaustão, vigiado, acossado. Obviamente, o Bloco-Notas fechou. O que fazíamos servia mais os parasitas do que os utilizadores; estes, devido a alguma idiossincrasia misteriosa, preferiam a cópia ao original. Portanto, andámos sete meses a trabalhar para parasitas e havia que acabar com isso. Não é isto uma forma insidiosa de silenciamento? De resto, visto de outra forma, é o que se lê no seu “post” sobre a “Patrulha Ideológica”, […] que resume perfeitamente o assunto. Contradiz a tese da impossibilidade de silenciamento na “blogosfera”, mas não se pode ter tudo. O silenciamento não pode, por definição, ser barulhento.»
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