novembro 25, 2003

O QUE FALTA À BLOGSFERA, 3. Também A.E.F. escreve — de Timor — sobre o mesmo texto, mas acerca do «efeito pernicioso» dos «blogs mais mediáticos»:

«Devo dizer que, embora compreendendo o fenómeno e o que querem dizer, não me assustam nada o “efeito pernicioso” e/ou o “efeito totalitário”. É bom ler, é bom ouvir (ler) o que os outros têm a dizer, é bom reflectir sobre as opiniões dos outros, ainda mais de quem tem o exercício de pensar como “profissão” ou “passatempo” (nem todos têm!; alguns não podem), ganhando “protagonismo” natural com isso pela qualidade das intervenções, pelo destaque de uma carreira, ou por conquista diversa (independentemente de se concordar ou não com elas). O pior é quando não há massa crítica. Considero poder dizer, sem grandes reservas ou medo de ofender a pátria, que estamos mal nesse aspecto em Portugal. Estamos mal na família, estamos mal na escola, estamos mal em sociedade (em termos gerais). Fico triste por dizê-lo. […] Gosto de Portugal, sou Português (soa bem, não soa?), “apesar” de ter nascido em Angola e de também me sentir Angolano, e agora Timorense, porque não? E é por isso que não fico calado com medo que me acusem de anti-pátria ou coisa que o valha. Digo-o para reflectir na mudança, na melhoria. E já agora devo dizer-lhe que, apesar de lidar com pessoas que usam a cabeça como maior instrumento de trabalho (devia ser assim), tenho, em tantas ocasiões, usufruido de mais cultura, de mais sensibilidade, de mais motivação para pensar e de ideias diferentes nesse biótopo estranho, próximo e tão distante, que é a blogosfera. E, com tudo isso, com a admiração que nutro por certas pessoas, não me sinto domado ou conquistado, apenas atento, mais desperto, mais rico, porque posso “trocar impressões” com mais gente, outra gente.»