dezembro 31, 2003

LIVROS DO ANO, 4. {Ensaio} Harold Bloom, Gênio (Objetiva [Brasil])
O livro leva o subtítulo «Os 100 autores mais criativos da História da Literatura» e o título original é Genius. A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds (edição de 2002 nos EUA, de 2003 no Brasil, o que é trabalho sério para quase 900 páginas). O que me intriga é saber que Bloom assusta tanta gente, sobretudo ignorantes e modernos. Tenho cada vez mais uma reacção à flor da pele contra os modernos, e acho que isso se deve à sua falta de inteligência cada vez mais evidente. Bloom não é um guru, e tem coisas vagamente irritantes (a sua guerra surda com Steiner é uma delas, quando diz que não o conhece), mas a forma como lê a literatura do mundo é fascinante, liberto dos complexos de criatividade e da histeria que destrói a serenidade da leitura. Camões, Pessoa, Eça, Machado de Assis são os autores de língua portuguesa que distingue nesta lista de cem autores. Camões, como o texto «mais politicamente incorrecto», a flor do épico; depois Eça, em A Relíquia, pelo peso do erotismo; Pessoa (ao lado de Whitman e de Crane) como o génio múltiplo: «Pessoa, poeta cuja pureza se compara à de Valery, Crane, Lorca e Wallace Stevens», e a uma outra lista onde estão Elizabeth Bishop (leiam, por favor) ou John Ashberry e Dickinson. E, remotamente, herdeiro de Shakespeare, Keats, Shelley e Browning. Finalmente, justiça de Bloom em relação a Machado, que, com Eça, situa no mesmo grupo de Flaubert, Borges ou Calvino: Memórias Póstumas de Brás Cubas é o eleito, como o grande livro sobre a mortalidade.

1 Comments:

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