VÉU, KIPPAH E OUTROS SINAIS, 1. Devia existir, na proposta de legislação francesa, um tom mais cuidado — não se trata apenas de puro jacobinismo. Como reconhece Pacheco Pereira, não é uma questão simples. Provavelmente, é «uma das questões menos simples». Por um lado, está em jogo a ética republicana e a necessidade de manter os sinais do estado laico — a ideia de um estado laico é uma das condições essenciais da democracia. Por outro, a imposição de um «grau zero» que se traduz pela proibição de usar véu ou kippah nas escolas, por exemplo.
Há questões que não são acessórias neste debate — por agora apenas franco-alemão (uma delas tem a ver com a recusa das mulheres muçulmanas em serem atendidas por médicos-homens em hospitais públicos). Do ponto de vista ocidental, há uma certa normalidade no debate, que sustenta a existência de regras civilizacionais e culturais que não podem ser postas em causa pelo uso de símbolos como o véu islâmico ou o kippah judaico, por exemplo. O Nuno Guerreiro escreveu um texto curioso no seu blog, que troca os pontos de vista, e que merece ser lido com atenção: o que significa o uso de véu ou de kippah para uma muçulmana ou para um judeu, respectivamente?
O que eu acho temível é o optimismo manifesto dos defensores da proibição, como o ministro francês dos Assuntos Sociais: a sua ideia de uma «integração liminar» na República desta forma simplista, que visa manter a «ordem pública».
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