CULTURA PORTUGUESA. O editor Guilherme Valente, da Gradiva, levanta um problema interessante no último sulplemento Mil Folhas do Público: a nossa cultura é quase exclusivamente literária. Isto diz respeito às escolhas dos leitores consultados pelo suplemento, para falarem dos livros de 2003, em que poucos títulos ultrapassavam essa fronteira «literária», excluindo assim o «domínio científico». Não há nada a dizer, é mesmo assim. E não é bom que seja assim.
Por outro lado, ninguém pode ficar indiferente à vinda de João Magueijo. As entrevistas que deu (ao DN, por exemplo, ou o que aparece escrito no próprio Público — na primeira página do DN há um destaque para a música de Carlos Seixas, mas nenhuma a Magueijo) mostram um personagem inesperado, desenvolto e com o sentido do risco — o livro tem o título Mais Rápido Que a Luz (edição portuguesa da Gradiva, já traduzido em 13 línguas). Curiosamente, alguns dos comentários que ouvi falavam muito da sua «arrogância» e da maneira como não seria uma pessoa «contida». Não me pareceu nada disso. O que me pareceu foi que há uma certa rispidez inteiramente justificável da parte de Magueijo, em nome da ciência, do seu trabalho e do seu direito a dizer o que diz, até quando pede que o país encerre para desinfecção, ou quando refere que os políticos são muito bons a errar e que, portanto, o melhor é não fazerem nada.
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