FUNERAIS. Fora de Portugal, não assisti ao jogo V. Guimarães-Benfica, nem pela televisão. Mas o Paulo Gorjão fez o favor de reunir alguns exemplos de blogs que se manifestaram contra a sandice em que se transformou a tragédia de Miki Féher. Depois de ler a imprensa, o retrato ficou completo. Não vale a pena explorar as contradições (habituais nestas circunstâncias, mas deselegantes): sobre o valor de Féher, o que seria o seu destino no seu clube actual, etc. Ao ouvir discursos institucionais, ler condolências públicas, oficiais, lamentos repentinos, vox populi, mensagens presidenciais, fica-se com a ideia de que Portugal entrou em choque (mais do que com a morte trágica de um futebolista) consigo mesmo. Como se precisasse de comover-se mais do que seria verdadeiro. E há sempre aquelas vozes que escolhem o pior momento para falar daquilo que mudará «no futebol português». Nada mudará. O espectáculo devora-se a si mesmo. Até no seu excesso de sensibilidade.
Aviz
«We have no more beginnings.» [ George Steiner ]
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