janeiro 28, 2004

REGRESSO. Regresso ao blog com uma sensação estranha. Leio o post de Pedro Mexia de há dez dias: «As palavras que mais odiei em 2003: “polémica”, “polémicos”, “polemizar”, “polemista”. Não perceberam nada. Eu só quero admirar quem admiro e escrever sobre o que magoa. O mais, não me interessa. Quero é que me deixem em paz. Com os meus livros e os meus discos. Com o que fica.» A sensação prolonga-se pelo blog fora, pelo que se escreve nele, pelo que escrevi nele, como se se tratasse (também, às vezes, de vez em quando) de uma coisa que se faz para substituir outra. É por isso que os códigos deontológicos dos blogs são assustadores, prolongando aqui o que nem sequer existe nos jornais; mas a verdade é que os blogs não deviam ser como os jornais. O blog (mas há outras posições defensáveis) é um texto que substitui outro, uma actividade que substitui outra, até conseguir uma autonomia, um estilo, uma independência de género, uma forma verdadeiramente diarística, o aspecto dos cadernos. Até chegar esse momento, tudo está em lugar de outra coisa.