ANTI-SEMITISMO. O artigo de Vital Moreira no Público de hoje (ontem, aliás, terça-feira) sobre o anti-semitismo é um texto interessante e, é preciso dizê-lo, constitui uma tentativa de dizer coisas claras sobre o assunto, tentanto separar anti-sionismo, anti-semitismo e posições anti-Israel. Nesse sentido, é um artigo honesto pelo que ele quer dizer. Não mais do que isso, o que já é muito bom. É bom que reconheça, por exemplo, que «a rejeição da política palestiniana de Israel pode ser desequilibrada, excessiva ou mesmo injusta» (sublinhados meus), «sem ser anti-semita ou antijudaica»; e que se afirme que «tão importante como erradicar o cancro do anti-semitismo é extirpar o tumor da guerra israelo-palestiniana». Estamos no mesmo campo. Já aqui escrevi sobre a diferença entre anti-semitismo e anti-Sharon (embora não veja muitas diferenças entre anti-Israel e anti-semitismo).
«Pode-se ser anti-Sharon sem se ser anti-israelita, tal como se pode ser anti-Bush sem denunciar nenhum antiamericanismo», escreve Vital Moreira. Mas há uma coisa que não se pode fazer (não será o caso de Vital Moreira, evidentemente): é ler a história de Israel nos últimos 54 anos a partir de um só lado ou aceitando as banalidades da propaganda, do anti-sionismo e daquilo que hoje é «a opinião maioritária». Voltarei ao assunto durante esta semana, mas recomendo entretanto duas coisas: 1) que estejam atentos ao blog do Nuno Guerreiro; 2) que leiam o artigo de Miriam Greenspan numa das recentes edições da Tikkun (para que o Nuno, aliás, chama a atenção).
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