O ROMANCE SEGUNDO JULIAN BARNES, OU UMA ALEGORIA SOBRE O TEMPO PRESENTE. Reencontro um dos capítulos mais hilariantes de O Papagaio de Flaubert, de Julian Barnes (edição Quetzal/Círculo de Leitores) – sobre o romance propriamente dito. «Muitos gostariam de ser ditadores da literatura, ordenar o passado e estabelecer com calma autoridade a futura direcção da arte. Este mês toda a gente deve escrever sobre isto; para o mês que vem é proibido escrever sobre aquilo. Este e aquele não voltam a ser impressos enquanto não o dissermos. Todos os exemplares deste romance sedutoramente mau têm de ser destruídos imediatamente. Pensam que estou a brincar? Em Março de 1983, o jornal Libération incitou o ministro francês da Condição Feminina a pôr no seu Índex por “provocação pública por ódio sexista” as seguintes obras: Pantagruel; Judas, o Obscuro; os poemas de Baudelaire; o Kafka completo; As Neves de Kilimanjaro e Madame Bovary.» Sacrilégio! Como é que alguém se atreve a queixar-se do Libération? A seguir, o quê? O Le Monde Diplomatique?
Aviz
«We have no more beginnings.» [ George Steiner ]
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