abril 18, 2004

OS INTERESSES. A «interferência de juízos de ordem moral», ou de ética, em questões de ordem internacional está muito boa para os blogs e para a inflamação permanente. Uma onda de moral varre a imprensa periodicamente (no nosso caso, contemos ainda com os fóruns das rádios, ouvintes em directo, inquéritos de rua, praças públicas, opiniões unânimes aprendidas de repente pelas cartilhas mais fáceis), sinal de que há consciência, valores, princípios. Mas, sobretudo, comparações: equivalências morais, determinismo, paixões, somos todos espanhóis, somos todos o que for, condenações, palavras de ordem, exploração das «contradições», tudo isso. Esquecemo-nos do resto. Na verdade, o Liberdade de Expressão lembrou o assunto: «E por isso, não adianta argumentar a favor ou contra a (des)união do ocidente. Os países unem-se por interesses. Não se unem, nem nunca se uniram, por coisas tão abstractas como "os valores da civilização ocidental". Até porque, entre esses tais "valores da civilização ocidental" estão o direito ao autogoverno e o direito de cada país seguir uma política externa independente.» Curiosamente, leio na imprensa espanhola várias defesas dos interesses do país «no alinhamento tradicional e boas relações com os países árabes».