TOMÁS ANTÓNIO GONZAGA. Gonzaga (1744-1810) nasceu no Porto, é essencialmente brasileiro e morreu em Moçambique, para onde foi desterrado em consequência da conspiração mineira. Aqui fica um poema para Marília de Dirceu, naturalmente (ou seja, para D. Maria Doroteia Joaquina de Seixas, sua eterna noiva):
«Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.
Um coração, que frouxo
A grata posse de seu bem difere,
A si, Marília, a si próprio rouba,
E a si próprio fere.
Ornemos nossas testas com as flores.
E façamos de feno um brando leito,
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.»
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