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MACHADO DE ASSIS. De cada vez que tenho de falar de Machado de Assis, penso na ideia de um romance moderno. Memórias Póstumas de Brás Cubas abriu em português o caminho para a idade moderna da literatura de ficção. Ninguém leu, como Machado, as consequências de Tristram Shandy. Garrett pode ter lido Sterne, sim; mas A Brasileira de Prazins, de Camilo, é o mais «shandyano» dos nossos romances: ora faz relatos de tiroteio, ora chora com Marta, ora se mete pela História, ora dá conta de si como narrador e desata a rir.
O Estrada do Coco começou a publicar extractos das Memórias Póstumas, dando razão a Paulo Francis que recomendava: «Leia alguns dos romances de Machado de Assis. O mais brilhante é Memórias Póstumas de Brás Cubas. Para estilo, é o que se deve emular. O coloquialismo melodioso e fluente de Machado. É um grande divertimento esse livro.» Harold Bloom chama-lhe «génio da ironia»: «Machado é uma espécie de milagre, mais uma demonstração da autonomia do génio literário em relação a factores como tempo e lugar, política e religião, e todo o tipo de contexto que, supostamente, produz a determinação dos talentos humanos.»
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