DARFUR, A RAIVA QUE NOS DÁ. [Actualizado.] Uma citação simples do texto de Samantha Walker («Cerca de 30 mil pessoas foram já assassinadas, e perto de milhão e meio foram vítimas de limpeza étnica, afastados das suas aldeias e terras de cultivo. Centenas de milhar foram encurraladas em campos de concentração, patrulhados por milícias janjaweed, apoiadas pelo governo, que violam mulheres e matam os homens que tentam sair em busca de comida para as suas famílias. Outros vagueiam pela região sem alimentos nem água. Entretanto, Khartoum tem bloqueado e manipulado a ajuda alimentar internacional.») pelo Nuno Guerreiro, daria para tecer muitas considerações sobre o papel da ONU na questão das «crises humanitárias». Daria para falar do Ruanda, da Eritreia e da Etiópia – e da responsabilidade de países europeus no incremento do número de vítimas. «Quem se lembra dos arménios?», lembrava Hitler (relembra o Nuno, justamente), quando justificava a solução final. Quem se lembra dos sudaneses? Aliás, quem – na altura – se lembrou dos curdos atacados por Saddam e dos massacres de Ali, «o Químico» sobre a população iraquiana? Quem se recorda dos cinco mil mortos no estado indiano de Gujarat (em Godhra, perto de Ayodhya), onde cem mil muçulmanos foram deslocados para campos de concentração?
Há uns meses (Abril), transcrevi no Aviz uma entrevista (publicada na Folha de São Paulo) em que Bernard Lewis chamava a atenção para a questão do Sudão e para a hipocrisia europeia:
O problema palestiniano é apenas um entre os vários que vemos ao longo das fronteiras do mundo islâmico, como o Kosovo, Bósnia, Tchechénia, Caxemira, Sudão ou Timor. Todos esses pontos são manifestações de um mesmo grande problema entre o Islão e o não-Islão.
- Por que a questão palestiniana recebe mais atenção?
- Por duas razões. A primeira é que Israel é uma democracia, então os média podem entrar e sair, fazer o seu trabalho livremente. Israel é o país com a terceira maior presença de jornalistas em todo o mundo, atrás apenas dos EUA e de Inglaterra. A segunda razão é que os judeus estão envolvidos. E judeus são notícia. A vantagem da questão palestiniana é que os agravos podem contar com uma resposta imediata na Europa. Quando lutam contra os cristãos, aí é mais delicado. Não podem esperar que os cristãos se juntem a eles. Houve recentemente um ataque terrível no oeste do Sudão, mas ninguém lhe deu a mínima atenção.
As declarações de ontem do ministro holandês dos Estrangeiros, em nome da UE (sublinho o «em nome da UE porque é suposto ser em nosso nome) confirmam a ideia de que, para não ferir o monstro, se cede à monstruosidade. A UE sabe que, atacando a fundo a questão sudanesa, encontra no fio da meada a al-Qaeda (ver as peças dos enviados da Grande Reportagem à Etiópia, Martin Adler, e ao Sudão, Vincent Dudant – há três anos), o fundamentalismo islâmico, o poder das milícias armadas por senhores da guerra e da droga (como na Etiópia e na Eritreia). E, tal como se a ONU se recusou a condenar o nazi de Harare, recusa-se a condenar os bandidos de Khartoum.
Regressando ao post anterior, desta manhã, sobre a ajuda humanitária a enviar para o Sudão, é necessário lembrar que nenhuma dessa ajuda chegará ao seu destino: ela será desviada pelos militares, desviada pelos funcionários do regime, vendida nas ruas de Khartoum, retida pela burocracia do pobre Estado sudanês e enviada para as tribos fiéis. A UE salvará a honra, chorará convenientemente, a imprensa lamentará, e a ONU poderá ajudar a enterrar os mortos. A raiva que nos dá.
P.S. - O Paulo Gorjão põe, evidentemente, o dedo na ferida: «Sejamos claros. Goste-se ou não da idéia, à Esquerda e à Direita, a situação sudanesa só se poderá resolver com a queda do regime autoritário e com a imposição de um regime democrático.» Por mim, nas tintas. À esquerda e à direita.
Ler também o texto do blog Nós e os Outros (neste como em outros assuntos), igualmente recomendada pelo Paulo.
2 Comments:
https://www.nileriyadh.com
شركة تنظيف كنب بالرياض
تعتبر شركة ركن كلين للصيانة والنظافة من اولى الشركة التى له اسما فى مجال خدمات التنظيف ومكافحة الحشرات نحن لدينا احدث المعدات لجلى وتلميع السرميك وافضل المنظفات التى تستخدم فى مجال التنظيف الشامل بالرياض.
شركة تنظيف موكيت بالرياض
شركة تنظيف خزانات بالرياض
شركة تنظيف مساجد بالرياض
شركة تسليك مجارى بالرياض
Don't get the wrong impression, though. Knowles Travis Scott x Nike Shoes and Arsenault are lovers, Amiri Shirts not fighters. The original versions mini tube dresses and long cardigans are back to the sure joy of many fans, but the sisters aren't just playing to archive mania. Unbalanced III is centered around New Balance's 1080v11 model, a shoe highly favored among Alexander McQueen Outlet marathon runners for its comfort and support. The program is simple: First, sign up to explore weekly new arrivals and curate your ideal wardrobe. Before ordering a new crop top, consider how your own wardrobe can be reworked. According to the students of Euphoria High School, 2022 is still all about Off White Shoes the minibag. No matter that pint-sized bags may not fit pencils, slide rules, or cell phones, they add just the Golden Goose Sale right element of playfulness to your 'fits. Don't be afraid to try bold colors too, like rich neon hues, that break away from the norm. Frames are shipped with demonstration lenses which must be replaced before use. Iconic Magazines is a historical landmark in New York City, serving as a hub for print publications since 1995. Another staple of the city, premium skatewear brand Grand Collection, is a creative group comprised of one of the last true subcultures of the era. Frames are shipped with demonstration lenses which must be replaced before use. When fall first hits, there's a palpable excitement in the air for Off White Nike Shoes the reversion to sweaters and scarves. Will that hold? It's hard to say. A '90s dance anthem suddenly blared over the loudspeakers as the crowd dispersed, some wondering if there was an after party there was not.
Enviar um comentário
<< Home