julho 17, 2004



ORNABI, SÃO PAULO. A Ornabi, não sei se ainda existe, mas devia existir. Organização Nacional de Bibliotecas, um sebo (alfarrabista) impressionante, cheio de salas a cheirar a pó, no centro de São Paulo (Sala Fernando Pessoa, Sala Ruy Barbosa, Sala Luís de Camões, etc.) A Ornabi foi fundada e mantida por um português (creio que de S. João da Madeira) que gostava de livros. Nas poucas vezes que lá entrei (nunca se sai de lá sem um livro debaixo do braço), reparei no seu olhar – vigilante, cioso dos livros que tinha reunido, quase cheio de pena pelos que iam saindo, irritado por terem escolhido aquela edição (perguntou-me três vezes, com um olhar triste, se eu estava mesmo interessado naquele Corção que encontrara fora do lugar, e só então desistiu). Não sei se recebeu alguma comenda portuguesa pelo 10 de Junho, como o pessoal do futebol ou do espectáculo, mas São Paulo também ficava mais portuguesa, em parte, por causa da Ornabi.
Isto vem a propósito do texto do Os Outros de Nós, citado abaixo, mas também lembro essa livraria do aeroporto: durante alguns meses, o meu voo de ligação levava-me a esperar algumas horas da madrugada em Guarulhos – e a LaSelva acompanhava-me as horas de espera com as novidades em cima da banca, noite fora. Gosto muito das livrarias de aeroporto; no Brasil, as de São Paulo, Salvador e Porto Alegre são razoáveis para a exigência do viajante devorador (as do Rio desceram de qualidade, não se percebe porquê) – e a de Porto Alegre tem uma secção gaúcha muito interessante (infelizmente, ao lado da loja de chocolates, o que traduz uma situação de concorrência desleal). Fanático, como sou, da Saraiva.com, que entrega livros em dois dias com embalagem especial e cuidados de expedição, reservo-me sempre para os sebos, aqui e ali. E, se bem que o Os Outros de Nós fale do ar clean de grande parte das livrarias de São Paulo, quase nunca resisto a duas: à Cultura, evidentemente, na Paulista – porque não é preciso procurar muito, o que às vezes é uma vantagem; e à do shopping de Higienópolis, por duas razões: os empregados, habituados à clientela dos arredores, são simpáticos, conhecem os frequentadores e os seus hábitos (sim, tem alguma judaica nas prateleiras) e, pormenor a não desprezar, a vinte metros há o melhor petit gâteau de chocolate das redondezas.

2 Comments:

At 11:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Andando por aqui a ler coisas de livros deparo com esta dúvida àcerca do meu conterrâneo Luis de Oliveira Dias,fundador da Ornabi,e antes de prosseguir quero dizer que continua vivo e a trabalhar em S.Paulo,embora a Ornabi atravesse dificuldades,mas isso é fruta da época...
Esclareço ainda que este português é natural de Alburitel,Ourém,distrito de Santarém...e creio que a maior "ofensa" que lhe podem oferecer é retirarem-lhe a sua terra natal.Um seu neto dirigiu-lhe uma vez um postal para Alburitel-Capital de Portugal!Dizem que recebeu o postal!
Posto isto assim,é claro que não tenho nada contra S.João da Madeira...no entanto,Alburitel a quem é de Alburitel.E vivam os livros novos e os antigos!E viva a Ornabi e seu Luís!

 
At 2:36 da manhã, Anonymous Anónimo said...

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