SOPHIA, 2. Por mail, FBP envia-me um poema de Sophia. Sem saber, recuo muitos anos. Foi o poema [«Meditação do Duque de Gandia sobre a Morte de Isabel de Portugal»] que, há vinte e quatro anos escolhi para um trabalho universitário. É dos mais belos poemas de Sophia (vem em Mar Novo, de 1958). Obrigado, FBP.
Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser.
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência.
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
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