agosto 22, 2004


PORTUGUESES, 2. Cláudio Versiani é um fotógrafo brasileiro (e esteve nos bons tempos do Correio Braziliense) que vive actualmente em Nova Iorque (para onde voltou depois de uns meses em Portugal) e que está atento à vida dos portugueses no Brasil. Graças a ele li hoje esta notícia no Estado de São Paulo: «A portuguesa Elizabete Sardinha mede 1,62 metro, pesa 57 quilos e tem 30 anos. Está longe dos padrões exigidos pela moda, mas nesta sexta-feira realizou o sonho de desfilar na passarela. Ela ganhou o concurso de beleza do presídio de mulheres Talavera Bruce (TB), na zona oeste, onde cumpre pena de quatro anos por tráfico de drogas. Elizabete, que nasceu em Coimbra e fazia um curso de esteticista em Portugal, concorreu com outras 16 companheiras presidiárias.» O jornal acrescenta que «como prêmio, a portuguesa ganhou uma calça jeans, um ventilador e um kit com produtos de beleza».
[Na foto, Elizabete Sardinha está acompanhada por Vera Loyola, a senhora que os jornais dizem ser a socialite do Rio, seja lá o que isso for.]

Nem de propósito, acabo de ler um texto do Cláudio, no blog de Ricardo Noblat; geralmente, o Cláudio escreve sobre Nova Iorque e os EUA, uma vez que vive lá. Desta vez, retoma um assunto muito comum aos brasileiros que vivem no exterior: «Essa historia ilustra um sentimento que nós, brasileiros, terceiro-mundistas temos. Ou pelo menos a maioria de nós. Bom é Paris ou Nova York. Mas a realidade é sempre diferente. Morar em Nova York é muito legal, mas legal mesmo é morar no país da gente.» O que lembra Jobim quando colocou a hipótese de regressar ao Rio (ele vivia nos EUA). «Você vai regressar?» «É. Eu sei, eu sei. Nova Iorque é bom, mas é uma merda. O Brasil é uma merda, mas é bom.»