outubro 17, 2004

BRASIL, ELEIÇÕES. A Folha de São Paulo de amanhã, domingo, publicará uma nova pesquisa (da Datafolha; as do Ibope para São Paulo ficaram definitivamente descredibilizadas, pelo menos até 30 de Outubro, depois do falhanço do primeiro turno), em que José Serra continua à frente com uma vantagem de cerca de 12 pontos.

O debate televisivo entre os dois candidatos, Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB), teve «aspectos paulistanos», sim -- mas notava-se que estava ali em jogo a polarização PT/PSDB que tomou conta do país (arrumando, pelo menos para já, com a hegemonia dos partidos da velha república, o PMDB e o PFL). Um dos pormenores do debate: a importância dos números invocados durante o debate. Percentagens, milhões de reais, quilómetros de asfalto, tudo; hoje, a Folha analisa os números à lupa e dá a vitória aparente a Serra, que teria manipulado menos. Mas o confronto é mortal. Se Serra ganhar, pode ver inviabilizada a candidatura presidencial em 2006 (há os candidatos Tasso Jereissati e Alckmin, do PSDB); se Marta perder, o PT vê cair um bastião fundamental (o PT perdeu lugares simbólicos no ABC paulista) e o governo terá de lhe arrajnar um ministério. A vida não é fácil.

A declaração de apoio de Paulo Maluf (e de Orestes Quércia) ao PT, constitui -- para o eleitor de «classe média», uma espécie de beijo da morte a Marta Suplicy. Mas não se sabe se Serra agradece os ataques de Maluf. Uma coisa é certa: o PT vai interceder e acabar com a comissão de inquérito à lavagem de dinheiro e outras aventuras criminais de Maluf. Tudo tem um preço.

Luizianne Lins, a candidata do PT em Fortaleza que o PT hostilizou -- e que se declarou «marxista-esotérica» -- já conta com o apoio de Lula e do próprio PC do B. Luizianne vai à frente nas sondagens e provavelmente vai bater o candidato do PFL. É uma derrota para os cubanos do PT, Dirceu e Genoíno. O Ceará, que já tinha eleito Deborah Soft para a vereação de Fortaleza, terá agora uma marxista-esotérica na prefeitura. Foi a parte «esotérica» que arrasou com Genoíno, Lula, Dirceu, Ciro Gomes e a rapaziada machista do Planalto.