outubro 07, 2004

DELITO DE OPINIÃO. Provavelmente, o «caso Marcelo Rebelo de Sousa» configura uma espécie de «delito de opinião». Não é todos os dias que uma vítima (e vitimizada) de um processo de «delito de opinião» é recebida pelo presidente da República. No caso de MRS há muitos factores implicados (governo, grupos de média, acções na bolsa, amizades, relações -- coisas que nos ultrapassam), certamente. Mas quem já viveu um processo semelhante muda de repente a sua ideia do mundo.

Adenda: A ideia de transformar MRS em mártir parece-me, por outro lado, uma ideia completamente estapafúrdia e despropositada. A gestão da agenda e dos timings é um pormenor muito importante.

Adenda 2: Quanto valia Marcelo?


Adenda 3: No dia 7 de Setembro, escrevi a propósito das críticas do presidente brasileiro ao correspondente do The New York Times, Larry Rhoter, que já antes enfrentara a ameaça de expulsão do Brasil por ter publicado um artigo. Desta vez, Larry tinha publicado no seu jornal um texto em que dava conta das críticas da imprensa brasileira ao projecto de constituição de um órgão feito, também, para fiscalizar e punir «desvios éticos» dos jornalistas. As críticas do aparelho petista eram fortes, agressivas e injustas -- nos dois casos. E escrevi: «Santana Lopes gostaria muito, gostaria. Mas não pode.» Quem vive da imprensa é devorado por ela. E quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. E, já agora, gostaria muito de ver o novo projecto de alteração da lei de imprensa que anda por aí. Ver por ver, evidentemente.