OS TIMES (DE FUTEBOL). O Ivan escreveu um curioso texto sobre os seus times brasileiros, mencionando a dificuldade de escolha. Compreendo-o bem. Eu simpatizei com o Vasco, mas depois do primeiro jogo em S. Januário e das patifarias do cartola que dirige o clube, desisti. Era pouco depois do tempo em que Jardel era assobiado no estádio, mesmo quando só se sentava no banco (Scolari foi lá buscá-lo depois para o Grémio e foi o que se soube). Houve uma altura em que simpatizava com o Grêmio, justamente – acho que era mais por causa de Porto Alegre e por aquela divisa sentada no pórtico do Estádio Olímpio: para onde fores o Grêmio te acompanhará. Mas a literatura não tem nada a ver com o futebol. Sempre soube que era anti-Flamengo, isso sim. A maior parte dos meus amigos do Rio são tricolores e falam do Fluminense e das glórias «pó-de-arroz» com um tal brilho nos olhos que fico com inveja. Mas, tal como o Ivan, arrepiei-me com a hipótese de torcer por um time onde jogavam o Roger, o Romário e o Animal. Vivendo em Salvador, achei que o melhor era dividir-me entre os dois times da cidade, o Vitória e o Bahia; o Bahia na segunda divisão, o Vitória caindo para o fim da tabela do brasileirão. O problema é que o hino do Vitória era cantado pela Daniela Mercury (além de jogar lá o Vampeta) e o do Bahia pelo quarteto clássico (Caetano, Bethânia, Gil e Gal). A vida não tem sido fácil.
Quanto aos hinos, a versão do hino do Botafogo (sobre quem o Sérgio Augusto acaba de publicar um livro, Botafogo — Entre o Céu e o Inferno, edição Ediouro) pelo Zeca Pagodinho é uma boa amostra para quem gosta de samba, sim (e com o tom de malandragem imposta pelo próprio Pagodinho) — mas eu volto a sugerir a versão de Ed Motta (e Beth Carvalho). Além disso, nesse CD referido pelo Ivan há três hinos a distinguir: o do Vasco (Paulinho da Viola e Los Hermanos, muito bom), o do Atlético Mineiro (Tianastácia e Rogério Flausino, dos Jota Quest, uma trapalhada roqueira com graça) e o do São Paulo (outra trapalhada que quase destrói um dos melhores hinos, com os Capital Inicial e os Ira!). Ah, é verdadde: a narração do golo de Roberto Dinamite que abre a versão de Paulinho da Viola é a mesma da de Ed Motta.
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