REPÓRTER. Na televisão, passou há pouco uma reportagem sobre a escola de Colares que o Correio da Manhã escolhera para a primeira página de ontem. Apesar de ter duas versões dos factos, a repórter optou apenas por uma delas (ai se o contraditório pega!), de modo que os alunos foram entrevistados, falou-se de um regulamento sobre o qual existem (também) duas versões mas de que não soubemos nada e, finalmente, a repórter inquirindo o professor e director da escola sobre os códigos de disciplina com voz malcriada. O tom manteve-se durante toda a reportagem; o professor estava no banco dos réus. A repórter passou de jornalista a polícia. Em imagens de arquivo, algumas alunas queixavam-se de que não podiam fumar dentro da escola e de que não podiam dizer palavrões. A repórter achava estranho que os alunos tivessem de tratar a «Dona Rosa» por «Dona Rosa» em vez de «senhora contínua». A solidariedade com a «rebeldia». A disciplina escolar como o pior dos males. Passou na televisão.
Aviz
«We have no more beginnings.» [ George Steiner ]
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