novembro 17, 2004

UM POEMA DE LÊDO IVO POR CAUSA DO TEMPO QUE CORRE.

Não quero achar o que os outros perderam:
as moedas no chão, os guarda-chuvas
esquecidos nos ônibus, e a vida
deixada por engano sobre o asfalto.
Ao que ninguém viu, aspiro; ao que existiria
em forma de mar e árvore, se a natureza habitual não irrompesse
com suas sombras e cigarras e cascatas.
Quero, sonho e adiro o inédito
como a noite no caracol de uma escada
contudo perto das constelações se eu pudesse vê-las de outro planeta.
[...]
Lêdo Ivo