dezembro 08, 2004

AINDA A QUESTÃO DO LIBERAL À MODA ANTIGA E, PORTANTO, DA IDEIA DE CONSULTAR O POVO QUANDO NÃO HÁ MESMO OUTRO REMÉDIO. Pois, de facto há essa questão acerca da promessa, do promitente e do compromisso. E do promissor que prometeu e nos comprometeu a todos. A verdade é que isto ainda agora começou, Caro Filipe. Primeiro, Durão Barroso esteve a salvo na sua caminhada europeia; por razões puramente estratégicas, evidentemente; não convinha, por vários motivos, tratar de desertor um homem que tinha desertado de facto. Segundo, o Presidente estava a salvo no seu novelo de interpretações sobre a vontade de povo; por razões puramente estratégicas, evidentemente; não convinha molestar um homem que ia entregar o poder ao novo promitente, apesar de estar a fazer um favor claríssimo à esquerda, esperando que ela se recompusesse e aparecesse; terceiro, Cavaco Silva estava a salvo da sanha desertificadora do novo promitente, por razões puramente estratégicas, evidentemente; não convinha atrapalhar o caminho ao patriarca.
Todas estas coisas se desmoronam: Durão Barroso declara em Bruxelas que não tem nada a ver com a cacofonia que deixou em Lisboa, o que é uma hipocrisia lamentável num homem que sonhava regressar à Pátria para ser presidente (nem pense). O presidente, por motivos certamente inacessíveis, mas não despropositados, cansou-se do novo promitente e achou que tinha chegado a hora de dizer uma coisa que fosse. Cavaco? Ah, Cavaco apenas disse que não queria ter nada a ver com os pantomineiros -- e não tem -- o que lhe valeu admoestações daqueles pobres espíritos que não compreendem que o que está em causa não são fundos para as autarquias, nomeações para as direcções-gerais e rapaziada nos ministérios; que isso é o menos.

1 Comments:

At 12:40 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Enjoyed a lot! »

 

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