CORRESPONDÊNCIA DO BRASIL, 2. Cineastas, actores, jornalistas, autores & pessoal afim, criticam a criação da Ancinav, Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual, uma espécie de central de controle da programação televisiva, dos roteiros/guiões de cinema, etc. Arnaldo Jabor, ex-lulista: «A Ancinav saiu da cabeça de alguns intelectuais que deviam estar plantando milho e comendo capim. Como eles não conseguiram ter um programa político para o País, resolveram fiscalizar a cultura, o cinema, os artistas e a televisão.» Roberto Damatta, o sociólogo: «Esse decreto vai contra tudo, quer regular o que não se regula, a criatividade. É quase surrealista ter um ministro que já foi censurado e agora quer acabar com a liberdade de expressão.»
Por outro lado, o projecto para a criação do CFJ (Conselho Federal de Jornalismo), um instituto pensado com o objectivo de «controlar e disciplinar a actividade jornalística», foi rejeitado na Câmara de Deputados. O líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia, promete voltar à carga para o ano.
Duas boas notícias juntas.
P.S. - Alguns leitores do Aviz protestaram por ter chamado medíocre à Isto É, que escolheu o ministro José Dirceu como a figura do ano. Bom. Eu acrescento: duas vezes medíocre. Para «figura da comunicação social» a revista escolheu Luis Gushiken, encarregado da propaganda do Planalto -- no seu currículo está a cumplicidade na alteração ao texto de uma entrevista de Gilberto Gil no site da presidência, de modo a torná-la mais ortodoxa e favorável a instrumentos de censura; está também o entusiasmo colocado na expulsão do correspondente do The New York Times, Larry Rhoter. Como figura do ano, a Isto É Gente escolheu Marta Suplicy. Portanto, duas vezes medíocre talvez seja pouco, sim.
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