dezembro 06, 2004

INSTABILIDADE. Paulo, peço desculpa pela insistência, mas há aí um problema, que é o da indeterminação da própria vida. Dito assim há-de parecer estranho, mas é simples: as eleições não são marcadas para conseguir maiorias absolutas; a propósito desses receios vindos dos sectores soaristas, convinha relembrar o debate sobre as maiorias, aliás, no tempo de Cavaco -- quando as maiorias eram consideradas inimigas do regime demcrático. Ora, o presidente não pode marcar eleições tendo em conta a sua intuição sobre qual vai ser a vontade do eleitorado; tal como não pode evitá-las só por suspeitar que o eleitorado não vai dar maioria absoluta a nenhum partido. Eu compreendo que a dissolução «teria sido mais adequada no momento em que potenciasse a emergência de um quadro de estabilidade governativa e parlamentar». Ora, isso pode dar origem a impasses fatais. A ideia defendida por Mário Mesquita vem no sentido que o Paulo defende (e, valha a verdade, tem defendido), eu sei, mas daria origem a raciocínios muito criticáveis -- por exemplo, pedir que o Presidente esperasse pela realização das Novas Fronteiras, ou que Santana reúna a sua «equipa ideal» (como, perversamente, pedia Ângelo Correia, e olha quem).
É claro que a discussão ainda agora começou. Por exemplo: existe a hipótese de Santana Lopes ludibriar todas as previsões da imprensa e obter maioria.

1 Comments:

At 8:12 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Excellent, love it!
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