dezembro 11, 2004

SAMPAIO. [Actualizado] Eu sabia que seria assim. À hora a que eu atravessava o Atlântico, Sampaio falou -- só li o discurso agora. Que pena. Imagino a figura de um homem que tem dificuldade em justificar a sua própria sombra. Não se trata de indecisão, clareza: trata-se de Jorge Sampaio. Não foi mau. Não foi espantoso. Lá foi. Quod erat demonstrandum.

Adenda: Escrevi há três dias: "Para um liberal à moda antiga a estabilidade não é um valor absoluto e é preferível haver clarificação do que este ressentimento flutuante. Não que elas não sejam imprescindíveis, mas Sampaio errará se não explicar com clareza, ao menos desta vez, por que precisamos de eleições. Nem precisa de pôr o dedinho esticado, professoral. Bastam meia dúzia de frases." Acho que Sampaio perdeu uma oportunidade de ser claro, embora se percebesse bastante bem o que queria dizer. O que é uma pena, porque nestas circunstâncias não estamos em condições de ir à procura da metáfora do Presidente, mas de saber por ele o que o levou a agir como agiu, independentemente da nossa opinião. Por isso me parece tão natural que o governo corra para a frente e aproveite a onda. Acho que nem toda a gente percebeu que o discurso de Sampaio abriu as portas aos fantasmas que aí vêm.