fevereiro 26, 2005

Depois da efeméride.



«Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!»

Cesário Verde

4 Comments:

At 1:40 da manhã, Anonymous Anónimo said...

roubo-lhe este poema para a Casa da Poesia (www.poiesis.blogger.com.br), se não levar a mal. um abraço. wilson t.

 
At 2:57 da tarde, Blogger joãoGonçalo said...

e pensar que a melhor nota que já tirei num teste de português A tinha este poema para interpretar!..

 
At 1:32 da tarde, Anonymous Anónimo said...

eu também roubo, se me for permitido, mas para mim...

 
At 11:06 da manhã, Blogger cinquenta por cento said...

Meus Deus perdoai-lhes metade porque a outra metade eu já perdoei

 

Enviar um comentário

<< Home